Crendices



A maioria das pessoas é ordinariamente parecida. (Premissa)

E de algum modo têm se espalhado por aí que é um grande trunfo ser "especial". (Empirismo)

Eu me pergunto que grande mérito ególatra haveria em se destacar no mar dos muitos peixes. (Problematização)

Eu, de tão ordinária, ainda entôo'quele refrão comunitário que já citei dantes no quartel de...er...: queremos as mesmas coisas.

Então, porquê seriámos assim diferentes?

DIferentes no ser mas não no querer? Aham... Oquei, viu! Joinha!

Por mera hipótese  - divorciada de cientificismo, autoamostragem limitada - cogito uma teoria infantil.

Esse "diferente" que a gente as vezes teima em ver nos outros (que passam a ser nossos "compradres" - ordinários!) é só o jeito (diferente) com que nos devotaram atenção.

E a gente (de cético na tal especialidade inata) passar a acreditar que é especial.  Com base na já calejada fé. u.u

 - Porque nos ouviram as histórias longas e não inéditas. Riram com desmedido esforço da piada mal contada. Falaram pieguices e disseram sem esperar troco "gradei docê de graça, viu?". Um apoio na discussão aleatória surgida, na mesa de muitos estranhos não especiais. Uma cara de felicidade pela recém descoberta do gosto musical-literário em comum. Um saborear uma pamonha e se saber compreendido. Ser lembrado pelos deméritos ou pretensos defeitos com carinho. Afeto dado, e... plim!

E aí, evidentemente, acreditar  - arriscado, que seja, seu selvagem!, fica fácil, gostoso. 

Mesmo sem saber se essa pessoa seria, mesmo, "diferente".

Diferente no quê, cara pálida?! Anda, responde!

Eu acredito na ordinariedade!

Pá-pá-pá-páaa!

Ex nunc.

D14
Se precisei de uma garrafa de Chardonnay e quase dez horas de Doctor Who na sexta-feira, é porque eu precisava de uma boa diversão, já que nem mais distração estava conseguindo com aquela música de antes. Então foi por isso que cada uma das vezes que o passado resolveu vir me cumprimentar, acenei e continuei andando; acho que já aprendi a técnica “carry on”, tão inglesa, como diz, com sotaque, o Doutor.

A parte boa de ter ouvido aquela música, é que na faixa seguinte já não me empolguei tanto com toda euforia dançante. É que se na anterior pareceu a descoberta do pote de ouro atrás do arco-íris, agora só me pareceu um arco-íris e a vontade explorar. E, havendo ou não um tesouro no fim da jornada, decidi pela aventura. E não me arrependo, a trilha sonora foi tão inesperada quanto incrível!

É por isso que “ex nunc” me é tão querida, a mais querida entre as expressões do latim-juridiquês, o “a partir de agora” deve ser sim sempre levado em consideração, uma boa consideração; são as cores da pena do agora que definirão as páginas do porvir. Não é o que já passou que me prende, é o que virá que me anima a continuar, afinal ainda existem muitos arco-íris por ai. E se estiver difícil de achar, só é necessário um pouco de água, de luz e um adequado ponto de vista: ta-dah, um arco-íris particuar! Já pode colocar os fones de ouvido e sair em busca do tesouro perdido?

Esse fim de semana realmente começou um pouco mais cedo. E vou aproveitar bastante enquanto ele não decide acabar!



Felicidade onírica.

D13

Então, eu estava sonhando com uma coisa que nem lembrava que queria tanto e por isso, lá, no mundo da felicidade onírica, eu decidi que era o bastante. E apesar de ter sido realmente bacana ter estado ali, foi meio triste acordar e ver que não era de verdade.

Mas não desanimo. Com quantas cores de sonho podemos colorir a vida real?
É uma paleta extensa, é sim.


Ter que ter o que quer.

D12

Eu sei que uma pessoa não pode ter outra, que isso é coisa de uma cabeça acostumada a ter que ter o que quer - o que quer que tenha. Então, lá dentro, a querência se associa à posse, como o fez durante toda uma vida em relação aos objetos, e faz parecer que alguém realmente pode ser de outro. Eu sei disso tudo, juro que sei. Mas, ainda assim, eu tenho que perguntar: eu te perdi, não perdi?


(É que é mais confortável pensar assim a pensar que nunca te tive).


BPM.

D11


E então você conhece uma música na internet. Ha. E ouve por dias a fio. Ha. E borboletas no estômago surgem cada vez que ela toca. Ha. E então você descobre mais sobre ela. Ha. E ela continua te fazendo rodopiar pelo quarto. Ha. E você quer mais. Ha. E mais. Ha.
E tem. Ha.

Mas as borboletas começam a migrar para sua cabeça. Ho. E lá, a bagunça é maior que no andar de baixo. Ho. E você chora cada vez que ouve a música. Ho. E então você quer matar as borboletas. Ho. E para isso, vai deixar de alimentá-las. Ho. E decide parar de ouvir a música. Ho.
E para. Ho.

Você ainda gosta da música. He. Ela é uma música muito boa. He. A melhor que você ouviu em muito tempo. He. Todo o arranjo e a letra são um trabalho bem executado. He. Mas o tempo dela não é o seu. He. E você não tem rebolado praquele BPM. He. E você procura um remix bem feito. He. E quer muito achar. He.
E não acha. He.



Daqui do mar.

D10

Minha mais querida Pamela, fico muito satisfeito com o degrau que você alcançou rumo ao novo casarão dos melhores brachismos jamais vistos. Se as coisas andarem bem, a gente logo, logo se encontra nele.

Daqui, posso dizer que as sextas tortuosas ainda me acompanham, mas não mais no sépia de antes: já me sei senhor de mim e das minhas cores. E se meus pés estão enterrados na areia, é porque estou ouvindo a Regina Spektor me dizer que o mar é apenas uma versão molhada dos céus, enquanto espero uma simpática e listrada cadeirinha de praia dobrável e seu dono que nunca chegam.

Aliás, decidi parar de tomar aqueles antidepressivos. Não foi uma interrupção brusca, fui tirando com calma, aos poucos. Já que é pra ser irresponsável e não voltar à psiquiatra, façamos da melhor forma. Não sei se essa é a minha melhor sensatez, mas já é hora brincar um pouco mais fora d’água.

Como bem sabe (e como sabe!), não tenho um coração racional, então não tomo decisões que a Pequena Sereia não tomaria; é que de Ariel posso não ter as ruivas madeixas (mais culpa da genética que da vontade), mas eu também preciso de muito mais que um crustáceo Sebastião pra me fazer acreditar que os montes de areia lá de cima não são mais divertidos que os daqui do mar. Porque sim, eles são. Então é pra lá que eu decidi ir. E não estou só, vou eu e cada uma das minhas borboletas, que só se multiplicam.

Por precaução, guardei uma cartelinha dos remedinhos, para os momentos de emergência. Nunca sabemos quando vamos precisar de novo e esperar consulta pra conseguir receita não é uma coisa rápida. E só quem precisa deles, sabe da urgência da precisão.

Por vezes, damos pra reencontrar todo um oceano companheiro sob os olhos, aquele lindo de águas salgadas - é que mesmo quando a Ariel virou humana, me disseram os passarinhos, ela ainda ia dançar no mar nas noites de lua cheia.

Um grande beijo do sempre seu,

Dan.


Na parada





Não é sexta, mas é tão factível a verossimilhança (fumus boni iuris, besta?) que nem a mais falsária delas ousaria se recusar a se passar por hoje.

As promessas do final de semana se avizinham e pouco importa o roteiro: venha, seu faceiro, venha com esse despertar tranquilo não tilitante, de só passarinho-passará. 

Tempo de quando os prazos fatais não são para hoje e nem pra amanhã, porque a sanidade permitiu matar os urgentes e marcar os futuros. 

Dia em que não se sairá pra balada (quão jovem é você, seu substantivo feminino pa(r)ty hard?) mais promissora porque, o mais promissor não está em um dado evento (probabilidade-estatística-caos?): é a sexta da sesta, subsequente de qualquer alimentação -  nutrindo bem mais que o ego, mais que a alma, pra lá de consolada. Que de esperançosa ficou crível, palpável, respirável e encantadoramente feliz.

Foram necessárias muitas sextas dúbias pra que eu nessa finalmente chegasse. 

Prazos fatais pra ontem, quintas ébrias destemperadas, almoços com brilho nos olhos e planos mil sobre, " e agora, o que vem depois?" 

Foram dias tão intensos que não me espantaria se um novo calendário juliano dissesse que o-tempo-todo não passou de uma sexta-feira psicótica.


Ansiei demais, temi de menos: culpada pela ingênua querência corajosa, sem hesitações. Parar para quê? 

Por isso eu nunca pararia na parada em que você estaria, sabe lá o que vai dar?

Agora eu caminho leve. Os dias são todos úteis (e eficazes).

Ps:  Sorria, meu bem. SORRIA!  XD