Três anos depois da sua, foi a
minha vez de levar um fora. E é lógico que eu não lidei bem com isso. Eu nunca
sei lidar muito bem com a rejeição. Talvez seja esse o motivo que me leva a
evitar tanto os outros no mundo fora da internet.
Eu tenho dificuldades de me
relacionar com as pessoas, você sabe. Até parei de usar a internet pra esse fim,
como você sugeriu. Não uso Facebook, mal troco emails. Saí do Twitter, olha
ai. Este sou eu tentando a vida real, pela primeira vez em anos. Segui seu
conselho. E levei um fora seu.
Resolvi, como o Charlie, ver como
a festa da vida se parecia pelo ângulo da pista de dança, mas parece que as
coisas eram melhores e mais confortáveis no balcão do bar.
É que eu imaginei que eu pudesse
reparar o que fiz. Eu imaginei que se eu me esforçasse e pudesse me submeter o
suficiente, tudo pudesse ficar tranquilo entre a gente. E eu ia ter uma pessoa ao meu lado. Uma
pessoa querida ao meu lado - e eu tenho precisado muito de uma nesses dias. Nada
deu muito certo. Então espero que você entenda que eu tenho que me
afastar, como naquela época. Dessa vez não por dar o fora, mas por receber. Eu
realmente preciso me afastar para pensar melhor as coisas (e escrever tem sido um jeito
genial de pensar e organizar melhor as ideias).
Eu até disse que ia te ligar
quando as coisas estivessem melhores. Mas eu não vou ligar e eu espero que você
não leve para o pessoal. Ou leve, enfim. Porque
é isso. É pessoal. É pessoal e é só isso que é: pessoal. Então leve pra lá. Relações
são pessoais e é assim que elas devem ser encaradas. (Pessoalmente?)
Agora que eu tombei, não
preciso me segurar pra dizer que você age como um garotinho mimado. Que você aponta
os defeitos dos outros e faz exatamente igual. Reclama dos seus pais, como se
tivesse 15 anos, não faz nada pra mudar as situações e ainda reproduz
exatamente a mesma criação que recebeu. Você mente e magoa as pessoas ao seu
redor para se manter ai, incólume no seu armário. Você não está pronto pra
conviver com as diferenças, quaisquer que sejam elas. Você não está pronto pra
conviver com você mesmo e o que você é. E eu não estou pronto para conviver com
você, assim.
Acho até que eu já comecei a
aprender a lidar com esse fora. Foi um fora libertador. E acho que talvez você
nem seja uma pessoa tão especial assim, só mais um comum. Talvez se eu me
apegar ao desgosto que eu sinto quando penso em você enganando todas as meninas que você leva pra casa como um
troféu-capuz-da-invisibilidade é possivel que eu não sofra.
Mas é, eu sofro. Porque eu gosto de
você. Apesar de tudo, eu gosto. E realmente queria te ver mais crescido e mais
maduro.
E apesar de você ter me dado um
fora, não guardo rancor nem nada. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém.
Mas o fora me fez perceber que
realmente nós não estamos prontos para andar lado a lado. Nós não vemos o mundo pela mesma luneta.
Então espero que você realmente
um dia ache um homem com quem você possa ser feliz. E que você não precise mais
se enganar nem enganar pessoas que não merecem.
E espero que você tenha sucesso nos
seus projetos.
E que quando a gente se encontrar
de novo, mesmo que isso leve mais três anos, você possa estar orgulhoso do seu
eu de então.
E eu possa me orgulhar de ter te
conhecido.
E de ter visto sua mudança.
E de ter visto sua mudança.
Mas mesmo quando eu ficar bem e
as coisas se acalmarem dentro de mim, o que já está acontecendo, eu realmente não, não vou te ligar e, por favor, leve para o
pessoal.
Ninguém lida bem com a rejeição. Incomoda, dói, nos deixa embaraçados... Mas como dizia uma amiga, a verdade dói, mas liberta. Clichês: tão batidos e tão certeiros!
ResponderExcluirAcontece que ainda que não culpemos outra pessoa pela nossa dor, oi, a culpa é dela - mesmo que não tenha havido o dolo de nos magoar, assumiram o risco, merecem a responsabilização. E se essa não vem na forma de uma indenização pecuniária, ocorre em meio similar: a indiferença, se não é a melhor paga, ao menos é a que nos concede maior conforto emocional porque sabemos que ela repercute.
Danem-se os outros: a sensação de saber que nossas ações causam algo continua sendo muito boa.
ADOOORO a questão do dolo eventual (é ele?) e a responsabilização. LOOOL!
ExcluirA parte chata é que agora que passou (porque sim, escrever algo tão pessoal ajudou a passar pro próximo episódio) eu já até quero desistir da ação. ahahahahah <3
O Direito é essa coisa linda que se alastra por todas as celulas do nosso corpo. (E sim, é o cute do dolo eventual)
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