A luz do sol continua entrando pela janela e revelando a suave dança da poeira sobre os móveis. Mas, treze anos depois, não é como se Lizete e Carlinhos continuassem os mesmos. Aliás, nada naquela família permanece como antes e estará sempre viva a marca que a segunda esposa deixou ali, dentro de todos.
Cada vez mais buscada pelos dois jovens, uma presença ainda pode ser sentida em alguns cantos da casa e, por mais que o pai e sua terceira mulher façam de tudo para esconder, ali se respira o mistério, a incerteza, a dúvida. E há os boatos. Ora, não se passa toda uma vida naquele lugar sem ouvir sem querer pelo menos um comentário perdido dos serviçais sobre ela, pior, sobre um dos dois. “São crianças diferentes”, “tenho medo que sofram”, “lembram a outra”, dizem. “São crias da louca”.
Decididos a recuperar cada peça
perdida de memória, os dois agora rompem com toda uma vida escondida atrás de
roupas e gestos afetados, tão diferentes do que vem de dentro. Eles buscam
pedaços do interior e daquilo que veio antes do que as lembranças alcançam. Eles
buscam aquilo que eles mesmo são, e que gostam de ser, mesmo sem entender,
ainda, o porquê. E é difícil satisfazer essa vontade.
Pamela e Daniel, como passaram a
se chamar em seu mundo, são detetives de si. Querem descobrir a verdade sobre
eles mesmos e abandonar a vida de farsas que os acompanhou desde a infância. Mas
descobrir é pouco: querem viver, com paixão, essa verdade recém-descoberta. Querem ser
exatamente aquilo que são: crias da louca, crias da outra, loucos também. Outros
também, outros eles mesmos. E saem de braços dados, ávidos pelo muito que há
pra ver, descobrir, sentir. O seu Eldorado.
Antes que todos os outros
percebam, o inevitável vem. Agora Inês é morta, mas Paola não. Cuidado,
criaturas da noite, e estejam atentos, habitantes do dia: Paola Bracho vive e está solta.
Atende pelos nomes de Pamela e Daniel e se você encontrar com eles por ai, dê meu endereço –
e um algodão-doce, eles parecem gostar.
Criativo e instigante.
ResponderExcluirMais importante: de forma quase subliminar, me dá notícias de você.
Sua linda, obrigado! A intenção do blog era ess de deixar, mesmo que nas entrelinhas, notícias para os amigos e para nós mesmos. Obrigado! <3
ExcluirDetesto quando a Lyla comenta primeiro nos lugares e aí fico sem ter o que dizer. Tirei o dia pra ler você. Saudades.
ResponderExcluirNem fala em saudade. Passei o dia lembrando de você ontem, sonhei com você e com o Andrew. Era um sonho engraçado e sem noção, afinal o sonho é meu. Obrigado por passar por aqui e dedicar um tempinho pra gente. Beijo grande. =*
ExcluirAdoro quando frustro os outros dizendo o que eles queriam primeiro. huahuahuahua
Excluir