Pique e Esconde

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Quase. Talvez. Será?

A dúvida não deveria jamais ser impertinente, porque é ela que retira da acomodação e da presunção imbecil um alento.  Filosofia das mais mundanas, não se nega, mas não menos aplicável ao cotidiano igualmente banal.

A canseira vem  de outro modo: e quando quase tudo são dúvidas? 

Agonia.... Amolança... Coceira... If you scratch it won't disappear.

Se a perdição do decidir é um verdadeiro assombro à paz do espírito já naturalmente tresloucado, a tranquilidade de um fundamentalismo qualquer é tediosa demais. E eu não quero o consolo acomodado da tranquilidade. Eu tô botando dúvida, eu tô botando defeito ... to ficando obsoleta de mim.

Quase acho que cansei. Suspiros, adiamento, empurrar com a barriga. 

De me rebelar contra o estado de dúvida e contra essa tendência de me repetir. Constância de discussionismo e de citações musicais adolescentes. Ali ou acolá? Entregar-se? Pular? SE JOGAR? 

Eu nasci assim, eu cresci assim. E sussuram as generosas línguas cheias de saliva que eu realmente cresci. É assim, Gabriela. Piel Morena

E você, quando você vai se aceitar?

O tormentoso é que odisséia reloaded não poderia ser mais dificultada que não pelo trafegar taurino. " Os bois gostam de andar em círculos", já diria Temple Grandin, amiga que também não lida muito bem com a gestão das gentes.

Mas desde quando essa confusão não pode ser divertida? 

Tem lá algum mistério em dançar a nova música embalante da Madonna na boate em conjunto com aquele bando de gente que só tem em comum com você a vontade de dançar aquela mesma música e de...bom, vocês sabem. 

Tem lá algum mistério em, ao mesmo tempo, continuar amando (eu disse, amando) aquela Moska que posou na minha sopa e ainda pousa?

Tem lá algum mistério em dançar todas as músicas ieiê's dos anos 60, imaginando uma saia imaginária e ser completamente incompreendida mesmo com tudo tão mágico e revelador? 

Tem lá algum mistério em se aceitar indeciso e eclético (e, ao mesmo tempo, respeitar toda a obesidade mórbida dessa palavra contemporaneamente  bocó)? Tem? 

Será?

Talvez. É, vai ver a quaestio seja apenas uma tentativa besta de respeitar os outros mesmos, como apregoam os religiosos supostamente permissivos. 

Mas como, sais de banho, como nesse estado de constante sobreviver, as criaturas aindam ousam duvidar da absoluta coerência multipolar dos taurinos com ascendete em leão? 

Hyde and seek, come out, come out, wherever you are. Quem procura acha, e eu achei nessa panacéia astrológica (...there's a star man...)  essa permissividade sincretista que é mesmo individualista e única, unique (essa palavra já tão morbidamente convencida, mas aplicável aos humanóides todos, espero).

Um dia eu decido com que roupa eu vou. E decido mais, mais mesmo, mais do mesmo. E aí, Daniel, não haverá a outra volta do parafuso. E a meta escolhida, pouco importará.

Por enquanto, vou meio desnorteada ( meu norte é outro mesmo) e travestida assim mesmo, nessa fantasia cheia de retalhos. Colorida que só, latino americana. O pote de ouro  continuará a ser perseguido, induvidosamente.


Pamela promete que, em busca do tempo perdido com o perder-se na busca, haverá estripulias, maledicências e ritmo de festa que balança o coração. Porque eu duvido, duvido que você também não se alegra e, por uns instantes, até mesmo se esquece e se pega faceiramente dançando com as músicas que embalam o trajeto.

"Quero você como um credo...Vamos nos dar privilégios...Sou só... Chuva e lágrimas...Luva e mão, mão e luva, nosso encontro parecia a perfeição... " ♪

E você sempre soube, Paulina Martins Deleuziana, o que eu penso de "encontros com pessoas", aqui ou num hotel lá no Japão.


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