Expetacular

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Então, você precisa saber de mim, precisa aprender o que eu sei... e o que eu não sei mais.

Ou que pensei que não mais sabia, porque serão sempre recorrentes (não protelatórios) esses versinhos tão ardilosos: eu sei que você sabe que eu sei que você sabe.

Depois das saídas de emergência: pelas ruas, pelos museus, pelas boates, pelas águas (?!) e por qualquer lugar em que houvesse vida humana com pulsar. 8X5, doutor?

Do vagar copioso desses encontros e dos contos. De achar que é preciso mesmo estender esse olhar roedor e ainda algumas palavras gentis, um pouco desesperadas demais por companhia, é verdade, restou a tranquilidade posterior de lembrar que me basto.

Esses sotaques, esses noviços, esses inesperados rumos não mudam, nem um pouquinho, a tranquilidade de se lembrar inteiro.

Ir pra sua casa sozinho. Ênfase no sua, pouco importa se alugada, porque vertida pelo seu salário, pouco importa se de pequena expressividade, já que também seu.

Dormir na sua casa sozinho. Sonhar sozinho, muito. Mera casualidade a eventual companhia que vier sonho adentro.

Mesmo nos dias mais acanhados é preciso martelar o mantra: não é preciso se fingir feliz e estonteante, porque em todos os outros dias, é  espetacular (com sotaque carioca) poder experimentar ser você, qualquer que seja o estado de espírito.

Amor romântico e feminismo libertário, embora reincidentes, são balela nesse leadig case

Um pouquinho de possessividade, de análise chinfrim, de distanciamento e... taí! 

Você, grandão.

Não parece despiciendo acreditar que só se pode ser bom pros outros, com os outros e até mesmo sentir essa bondade samaritana dos outrens-de-ferro, depois de se enxergar - mesmo com o astigmatismo.

Então, aí sim, você me dá sorte na vida.


Um comentário:

  1. Quero sempre a casualidade da eventual companhia que vier sonho adentro, vida adentro, coração adentro e essa sorte na vida.

    E esse negócio de só ser bom pros outros depois de se enxergar (eu também tenho minhas cargas de astigmatismo, dão difícil de perto, tão difícil), também se aplica a nós mesmos? Digo, a ser bom conosco mesmo? Deve se aplicar. Eu, grandão. E sem lupa.

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